sábado, 7 de setembro de 2013

Absolutamente nada!

Absolutamente nada.
   Isso não é uma carta, não é um bilhete, não é um poema, não é um texto, é nada. Não se trata de pessoas,de  reclamações, de preconceitos, nem mortes, não se trata do milagre da vida, das dificuldades, da tristeza, da felicidade, de uma casa nova, de um filme, um livro ou apenas de um bom café. Se trata do que eu estou sentindo, do que estou vivendo, se trata de nada.
   O que estou sentindo não é tristeza, nem felicidade, não estou boa, mas não estou ruim, não estou doente, e não estou saudável, não sinto saudades, e também não sei se sentiria falta, não posso dizer o que é porque pra mim é apenas nada. 
 Não tem uma definição, não tem uma etiqueta, não tem um rótulo, não foi descoberto, nunca foi sentido, nunca foi dito, nunca foi desejado e também nunca pediram que tirasse. Indecisão... também não é isso, mesmo não sabendo ao certo o que é. Não existe um meio termo entre decisão e indecisão. A não ser este sentimento.
   Seria eu tão sábia que encontrei a cura de algo? Não. Não encontrei isso, isso me encontrou. Cura? Não. Seria apenas mais uma doença. Não tem como saber o que é, nem se é bom ou ruim porque não consigo ver os dois lados claramente, eu posso estar no meio de alguma coisa, no meio entre o meio de alguma coisa, um lugar inexistente. Nada.
   Eu poderia fugir, mas pra onde quer que eu vá o nada me perseguiria. Então isso seria uma vazio dentro de mim mesma? Não. Porque o vazio é uma coisa que se pode preencher, e mesmo fazendo tudo o que posso isso não passa. 
   Porque estaria escrevendo sobre uma coisa que não existe, que não pode ser curada, tirada, que não se sabe o que é, que não se sabe se é bom, que simplesmente vaga, que é um vazio que não pode ser preenchido por nada, que é simplesmente nada. 
   Um tudo não saberia o que dizer, pensaria em raiva de imediato, mas não é. E com essa resposta pensaria em si mesmo. Este nada pode simplesmente ser tudo junto.
   Uma coisa que pode ser tirada ao mesmo tempo que não é, a cura sendo uma doença, o nada sendo o tudo, a felicidade sendo tristeza, o certeza sendo incerta e o vazio estando preenchido, o bom sendo ruim, a decisão completamente indecisa, o indesejável sendo o que todos querem.
   E assim que todo este relato acabasse, me chamariam de louca e me internariam em algum lugar. Mas o nada continuaria sendo tudo. Mesmo que eu esteja entre estas duas opções. Estou no meio termo de nada e tudo, estou entre o que existe e não, estou entre bom e ruim.
    Estou no meio do nada que acabou sendo tudo, mesmo sendo simplesmente nada.
 Louise Zin